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26 outubro 2013

Resenha - Manuscritos do Mar Morto



Título: Manuscritos do Mar Morto; 
Original: The Dead Sea Deception;
Autor(a): Adam Blake;
Editora: Novo Conceito;
Tradução: Camila Fernandes;
Sinopse: A ambiciosa policial Heather Kennedy está em seu trabalho mais difícil: seus métodos de investigação são criticados e ela está sendo assediada por colegas rancorosos porque não lhes dá atenção. Até que lhe é atribuída o que parece ser uma investigação de rotina sobre a morte acidental de um professor da Faculdade Prince Regent, mas a autópsia deste caso volta com algumas descobertas incomuns: o inquérito vincula a morte deste professor às de outros historiadores que trabalharam juntos em um obscuro projeto sobre um manuscrito da Era Cristã. 
Em seu escritório, Kennedy segue com sua investigação e logo se preocupa com o rumo para onde está sendo levada. Mas ela não está sozinha em sua apreensão. O ex-mercenário Leo Tillman - seu futuro parceiro - também tem angustiantes informações sobre estes crimes. E sobre a misteriosa organização mundial a que os crimes se relacionam... Escondido entre os pergaminhos do Mar Morto, um códice mortal pretende desvendar os segredos que envolvem a morte de Jesus Cristo. 
Entre um terrível acidente de avião no deserto americano, um brutal assassinato na Universidade de Londres e uma cidade fantasma no México, Manuscritos do Mar Morto é o mais emocionante thriller desde O Código Da Vinci.

Manuscritos do Mar Morto, para deixarmos tudo em pratos limpos logo de uma vez, foi minha primeira experiência com literatura policial. Não foi por falta de oportunidade que não li este tipo de livro antes: a verdade é que, além de estar há anos quase completamente submerso em literatura fantástica, eu evitei. Por medo, certamente: temática policial sempre me arremeteu muito fortemente à violência, a coisas sanguinárias e até mesmo a brutalidade, e por um longo tempo eu evitei coisas do tipo. Simplesmente não queria lê-las. Afastava-me, evitava mesmo.

Só que este livro me provou que eu estava errado. Não completamente errado, já que as características próprias do estilo policial ainda residem nesse livro (não há como fugir do que é essencial de um gênero quando você se propõe a escrever sobre ele), mas ele certamente é o tipo de livro que qualquer um que ainda não leu literatura policial deveria ler para entrar nessa dimensão literária.

A história nos conta os destinos cruzados da policial Heather Kennedy (que, rebaixada para a seção mais tediosa da polícia após ser acusada de um crime num passado não tão distante, é desprezada e ridicularizada por seis colegas de trabalho) e do ex-mercenário Leo Tillman (um homem amargurado e sofrido, aficionado pelo desejo irrefreável de vingança pelo desaparecimento misterioso de sua família – e provavelmente o personagem que mais amo perdidamente no mundo literário). Destinos que se cruzam quando um ponto – ou melhor: uma pessoa em comum cruza os interesses pessoais de ambos e sua forças precisam ser unidas para o sucesso de suas buscas. Porém, eles nãp imaginam nem de longe o que uma investigação policial sobre um projeto aparentemente insolúvel sobre um manuscrito da Era Cristã pode lhes acarretar. E menos ainda até onde pode lhes levar.

O primeiro ponto digno de comentário é a qualidade do prólogo de Manuscritos do Mar Morto. Simplesmente fantástico. Sou muito, muito chato com prólogos, já que tenho em mente que eles devem expressar com fidelidade a ideia de uma obra e, além disso – além de transpassar com as palavras o clima e estilo de um livro –, resumi-la de forma coerente e que prenda a atenção do leitor, e sem contar mais do que se deve deixar, de início, o leitor saber. Escrever um prólogo não é algo simples; muitas vezes (e eu conheço muitos desses exemplos) os prólogos são insuficientes e vagos, quando não desastrosos. No entanto, o de Manuscritos do Mar Morto não: além de brilhantemente escrito e planejado, ainda tem uma importância crucial para um momento além do livro; a retomada do prólogo é surpreendentemente feita, muito astuta. Aliás, a astúcia neste livro é uma característica bastante perceptível. Grandioso autor.

Mas o autor eu sempre deixo para falar por último nas resenhas. O foco, agora, é na história: sagaz, de um ritmo acelerado e, como já dito, com traços policiais fiéis ao gênero. É surpreendentemente meticulosa e inteligente em momentos chave, o que, além de prender a atenção dos apaixonados por detalhes e quebra-cabeças, instiga qualquer um que a lê – características sempre acompanhadas por uma sombra de mistério, que dá ao livro um ritmo que vai sempre em aclive. Em 477 páginas, o ritmo só cresce, nunca para ou decai. O que é fascinante.

Com um ar sério e de suspense, Manuscritos do Mar Morto é magistralmente narrado: dinâmico, sombrio, requintado, contínuo, possuidor de um fluxo de pensamento suave e cativante. Por vezes e mais vezes eu me peguei virando quarenta, cinquenta páginas sem ver o tempo passar. A forma com que o suspense se atrela ao mistério e às conexões de fatos no decorrer do enredo é loucamente excitante; até as notas de rodapé são prestativas e interessantes. É um livro intenso, bravo, por vezes até brutal (mas acho que isso já é por eu não ser acostumado à frieza da literatura policial), entretanto ao mesmo tempo dotado de uma assombrosa profundidade emocional. Talvez esse tenha sido o ponto que mais me apaixonou do livro: a capacidade de conseguir ir da gelidez à intensidade emocional sem incoerências ou quebras de raciocínio e ritmo.

Também deve ser levado em consideração que é um livro com temática polêmica, por isso deve ser lido com mente aberta e sem ressentimentos. Literalmente falando, não lhe aconselho a ler se for um cristão impaciente e não receptivo – pois o assunto é, como dito, polêmico. Pessoalmente, sobre este ponto, sou apaixonado por histórias que falem sobre verdades ocultas de alguma religião, seita, e todo o mistério que envolve sua criação e firmação vigente – sem julgar ou ridicularizar, é claro. Para quem gosta, como eu, é um prato cheio o livro de Adam Blake.

Escritor o qual... Deus. É de uma perícia invejável ao escrever e descrever de partes puramente técnicas a outras puramente biológicas, passando por apanhados histórico-religiosos, tudo com uma carga de conhecimento e estudos maravilhosa – e sem perder a beleza de mexer com as palavras, a poesia e a destreza para com elas. Adam Blake é ótimo. As cenas de ação, então? Injeções de adrenalina pura; criativas. Blake consegue alcançar nuances diversas na narrativa de forma honorável. Bela.

E mais – porque preciso comentar sobre isso. O fim. Os últimos capítulos são de uma sucessão desesperadora de fatos, revelações e mais e mais mistérios, tudo untado com quantidades absurdas de suspense e dramatização, as quais possibilitam o leitor de tomar sequer uma lufada de ar até que tudo termine. E o fim propriamente dito, o qual não soube e não sei como definir como feliz ou triste. Só sei (e posso) dizer que é chocante. Chocante. Me vi em choque. De boca aberta. O coração pulando no peito, e simplesmente certo de que essa foi uma das leituras mais incríveis e indescritíveis da minha vida.


Quero terminar esta resenha, por fim, desta forma: obrigado, Adam Blake, por ter escrito esse livro. E à Novo Conceito por tê-lo lançado no Brasil. É algo ASSIM que merece ser um puta best-seller.

Comentários via Facebook

7 comentários:

  1. Cacilda! Ainda vou ler esse livro, Breno. Mas algo já me dizia que era um BAITA livro, tanto que o solicitei à Novo Conceito.
    Adoro essas tramas assim, cheias de mistérios, de alucinadas revelações.
    NOSSINHORA, eu piro! Adoro, adoro e adoro!
    Excelente resenha, moço.
    Um abraço!

    Sacudindo Palavras

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    1. Oba! Que bom que se interessou tanto assim, Erica! Pra quem gosta do gênero, esse livro certamente não decepcionará. Acredite: é realmente um BAITA livro!
      UHASUIAHSUIHAUSIH NOSSINHORA, eu que pirei com a sua animação. Muito obrigado pelo elogio! Boa leitura!
      Beijão!

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  2. Oie
    Uau, pela capa jurava que seria um tipo de livro diferente, mas me surpreendi ao saber que é um enredo policial, pois eu amo o gênero.
    Mesmo sendo cristã impaciente haha sou bastante receptiva com tramas que abordam religião, então creio que será um prato cheio .
    Preciso dizer que sua resenha me deixou com vontade de ler o livro, tipo, now.
    bjos
    www.mybooklit.com

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    1. É o que eu disse, Jacqueline: você precisa ser receptiva para ler esse tipo de livro. Acho que não só esse, na verdade, não é? E nem só para livros, também. Extremismos e fanatismos nunca são bons para ninguém. Mas enfim, espero que realmente goste da leitura, meu bem. Que bom que a minha resenha deu comichão em você. *-* aiushauish
      Beijão!

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  3. Uau, uau, UAU. Agora é o momento em que eu pego esse livro e começo a ler. Não tinha lido nenhuma resenha dele até agora e nem preciso mais, estou empolgada e certa de que vou adorar. A capa não me animou muito, mas agora isso nem importa mais.

    beijos
    Caline - Mundo de papel

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    1. UAU digo eu pela animação que você sentiu agora, Caline! aiushuaihs *-* Espero profundamente que goste da leitura - ficou óbvio que eu amei. Mil beijos!

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  4. Oi Breno!
    UAU! O livro é bom mesmo, hein?
    Estou com ele na estante, esperando para ser lido. Confesso que após ter lido sua resenha, isso não demorará para acontecer.
    No momento, estou com uma ressaca literária absurda! Então, talvez não o leia agora para não comprometer minha leitura. Espero apenas não me decepcionar. Se bem que acho que isto não acontecerá.
    Parabéns pela resenha!
    Abraço!

    "Palavras ao Vento..."
    www.leandro-de-lira.com

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