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20 julho 2015

Resenha - Ele Está de Volta


Nome: Ele Está de Volta
Original: Er ist wieder da
Autor(a): Timur Vermes
Editora: Intrínseca
Sinopse: Ele Está de Volta - Berlim, 2011. Adolf Hitler acorda num terreno baldio. Vivo. As coisas mudaram: não há mais Eva Braun, nem partido nazista, nem guerra. Hitler mal pode identificar sua amada pátria, infestada de imigrantes e governada por uma mulher. As pessoas, claro, o reconhecem — como um imitador talentoso que se recusa a sair do personagem. Até que o impensável acontece: o discurso de Hitler torna-se um viral, um campeão de audiência no YouTube, ele ganha o próprio programa de televisão e todos querem ouvi-lo. Tudo isso enquanto tenta convencer as pessoas de que sim, ele é realmente quem diz ser, e, sim, ele quer mesmo dizer o que está dizendo. Ele está de volta é uma sátira mordaz sobre a sociedade
contemporânea governada pela mídia. Uma história bizarramente inteligente, bizarramente engraçada e bizarramente plausível contada pela perspectiva de um personagem repulsivo, carismático e até mesmo ridículo, mas indiscutivelmente marcante.

Ele Está de Volta me despertou atenção desde a segunda Turnê da editora Intrínseca aqui em Belém, ano passado. As meninas souberam mesmo me instigar quanto a esse livro e finalmente pude adquiri-lo este ano, através da troca via Plus no Skoob. Confesso que esperava outra leitura como a que fiz, mas não foi ruim.

Adolf Hitler acorda repentinamente num campo onde jovens estavam ali perto e o descobrem ainda desnorteado. Sem entender onde está e o que acontecera com ele, com Eva e com seus companheiros de guerra, Adolf faz perguntas aos rapazes e sem conseguir as respostas que queria, sai daquele lugar. Depara-se após algum tempo em uma banca de revistas, onde um senhor muito simpático o acolhe, sem antes esclarecer o ano em que estava: 2011.

Imaginem Adolf Hitler em 2011, na era das redes sociais, do Youtube, de campanhas contra o preconceito racial e contra ideologias militaristas. Timur consegue construir uma história a partir disto, sem fugir da figura imponente e importante que foi o Führer. A trajetória do grande ‘imperador’ começa com sua estadia na banca de revista; achando-o muito parecido com Adolf Hitler, ninguém acredita que ele é o próprio, então tudo o que ele fala, esbraveja ou faz é considerado uma sátira da grande figura que matou milhões de inocentes no país. Adolf ganha fama e simpatia pela TV e internet e torna-se uma figura famosa novamente, mas agora de outra forma.

A narração é em primeira pessoa e é estranho ler palavras do próprio Adolf Hitler. No começo confesso que foi difícil adentrar na narração e me convencer dela (É ficção, mas a intenção do autor é fazer com que você acredite na história durante sua leitura), porém, aos poucos Timur nos consegue convencer do narrador ser mesmo o próprio Fürher. O que me deixou, muitas vezes, irritada, pois não concordo com suas ideias, desde os pensamentos sobre a raça alemã até os desejos de tortura ou castigo quando alguém não agia de acordo com o que ele achava certo.

É um tanto difícil descrever esta leitura, admito. A história depois de certo ponto te prende, instiga sobre o que irá acontecer com Adolf e como ele irá agir frente às pessoas contrárias com a sua fama, seus pensamentos e seu ‘humor’ (seus discursos não são levados a sério, pelo menos nos personagens que surgem na história). Há muita narração sobre política, História e sobre o próprio Hitler, o que dificulta quando o leitor não sabe muito sobre tais assuntos. Mas algumas cenas também trazem muito do irreal e situações mirabolantes. Ao mesmo tempo em que Hitler irrita com seus pensamentos e ideologia, ele também cativa em certas passagens, deixando o leitor com sentimentos conflitantes ao ler a obra.

Por fim, não posso deixar de enfatizar que Timur Vermes, tendo estudado História e política antes de se tornar jornalista, demonstrou seus conhecimentos perfeitamente em sua narrativa, de maneira confiante e clara (mesmo eu não entendendo tanto assim, principalmente em relação aos nomes dos personagens históricos, possíveis companheiros de Hitler). A obra traz algumas reflexões sobre a mídia, sobre as figuras participantes dela e sobre a sociedade em si, na própria voz de Adolf Hitler, fazendo esta história ser bem diferente do que costumamos ler.

Comentários via Facebook

9 comentários:

  1. Jennifer, eu tenho uma duvida? Como é retratado o carisma do Hitler, quero dizer, mesmo sendo ele aqui em 2011 e mesmo sendo carismático a ponto de colocar um pais para seguir suas ordens, tenho certeza que ele se sentiria um bocado frustrado se pensarmos em um contexto mundial. Judeus agora estão ocupados com outras coisas, EUA dominam de certa forma o mundo. E apesar da fama, agora ninguém mais o segue de maneira cega. Sei lá acho que deve ter muita frustração na narrativa. Ou talvez eu tenha entendido mal...
    quatroselos.blogspot.com.br

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    1. Entendo sua pergunta. Ele conquista carisma das pessoas porque todos acham que ele está interpretando o papel de Hitler e que está falando tudo na forma de sarcasmo, mas ele não está. O que não deixa ele continuar com planos de instaurar de verdade e novamente a ideologia dele contra judeus, negros, gays e outros. Ele ainda pensa da mesma forma que pensava em 1943 e mesmo não sendo levado à sério, digamos assim, ele continua falando o que pensa, mas de uma forma comedida. Sendo esperto novamente. Rs
      Não sei se expliquei bem, mas espero que entendas ^^
      Beijos!

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  2. Oie Jeniffer =)

    Esse livro tem me chamado a atenção desde o lançamento dele, pelo fato de eu gostar muito de narrativas com foco na Segunda Guerra Mundial. Pela sua resenha percebi que o livro é um pouco diferente do que eu estava pensando.
    Continua parecendo interessante, e espero poder ler em breve ^^


    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  3. Não conhecia a trama do livro, mas achei bem interessante. Sempre que vejo livros com a proposta de "mexer" com pessoas reais com tal importância histórica, acabo ficando interessada. Achei legal você ter comentado sobre ter sentimentos conflitantes ao ler o livro.

    Beijos
    http://aluafoiaocinema.blogspot.com.br/

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  4. Oi Jeniffer! Eu já li uma resenha desse livro e embora seja totalmente fora da minha zona de conforto, ele me interessou bastante, acho que é o tipo do livro que te faz refletir bastante, no que a gente sabe e procurar saber o que a gente não conhece, como você mesma explicou na sua resenha. Só que a minha lista de leitura imediatas só aumenta, você como blogueira entende haha sai um lançamento atrás do outro e a gente acaba esquecendo, mas a vontade de ler não passou hehe adorei a resenha!
    Beijos!
    http://www.trocandodisco.com.br/

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  5. Fico impressionada com a facilidade que tu tens para fazer resenhas. Eu não consigo, não sei fazer.
    O livro parece ser bem interessante, mas ando tão sem tempo pra ler. Como faz?

    Beijos lindona!

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  6. Oie Jhenny
    eu sou louca pra ler esse livro, pois li em muitas resenhas que a narrativa tem esse lado cômico de sátira. Não sabia que o livro também tinha um lado reflexivo. Tá na lista de futuras leituras.
    bjo
    www.mybooklit.com

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  7. Oi Jeni, já li o livro também e minha opinião se parece um pouco com a sua. Só que como eu sabia o intuito do livro, consegui "acreditar" que o personagem era Hitler desde o começo. Eu me diverti bastante com o lado cômico da história, e também refleti bastante a respeito do livro.

    Beijos

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  8. Oi Jeniffer!
    Eu tive a oportunidade de começar a ler esse livro, mas n quis terminar e fui direto pro final kkk
    Eu gosto da proposta e é um tema que costumo, mas realmente o livro é bem diferente do q eu esperava.
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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